Ela
Ela me conhecia,Mesmo que seus olhos, jamais houvessem me tocado.
Eu a sentia,
Sem que antes eu soubesse o que existia.
O silêncio calado, o abandono da espera,
Nos confortava e aquecia meu corpo então gelado.
Os lábios de desejo, secos e cegos,
Palavras sem sentido eu ouvia,
Mesmo que ela jamais existisse e se existisse sem que eu enxergasse,
Com meus olhos fechados, ela vivia.
Seu rosto nunca exposto, seria pra mim.
Por um manto preto, sempre me foi negado.
O cheiro, o calor da respiração, ou mesmo o leve toque de suas mãos,
Eram, foram e seriam reais
Nos meus sonhos atordoados,
Não havia lágrimas, nem dor.
Um mundo que por mim, criado havia,
Uma fuga, um paralelo, pro que eu sentia, pro que eu desejava.
Os olhos sem rosto, me observavam,
Enquanto eu corria num feixe de luz imaginário.
Cansada, sem chão,
A luz apagava e ela se diluía.
Talvez por ela, sem que houvesse despedida,
Me deixava no desnecessário.
Contraditório, excitante,
Concordo com o ser enigmático.
E volto a sonhar, pelo seu poder de me guiar,
E me atirar, sem que o lugar eu houvesse deixado.
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